ao "despacio" passante
sou só saliva
e todo coração
feita de gente
que descompassa
divaga
e devolve demasiado o desejo
de encontrar
chaves certas
pr'esta minha
cabeça quebrada
que só sabe seguir
à esquerda
ainda que os físicos
jamais resolvam
a equação da felicidade
ou os filósofos
possam explicar
por que santos flores
e pensamentos
podem estar em dois
lugares
na hora do almoço
ao invés de mim
revés
porto escondido
de mares e navios
sem luz de lua ou
de feixe qualquer
pobre astigmata
inundado em sonhos
lúcidos deuses
dos sentidos
de silenciosos
sussuros selados
por este hiperbólico
coração-gruta
aos gritos
em melodia deste olhar
sem compasso
contra
o
tempo
rabisco involuntário
a tinta inelével que
marcou a folha e só
"assim a vida"
passa
"Rabiscos...
terça-feira, 30 de novembro de 2010
domingo, 14 de novembro de 2010
noite passada o presente dormia
e ela sonhava com este amor
que não cabe na métrica
deve ter lido sobre ele
em algum livro quando criança
ou o pequeno príncipe
o chochichou baixinho
e ela o guardou na
garganta de seu mar
de vidro em pó azul
cor de memória
hoje bandeja o framboesa
de seu sangue em pedaços
só por um dia qualquer
em que tentou escrever
um poema e teve de trocar
a palavra amor por afeto
pra fazer mais um desses
decassílabos heroicos de plástico
tal qual sua vida se tornou
desde um verão que passou
e ela nem viu
procurando um metro
em que o amor coubesse
e ela também
li no jornal de hoje
que continuariam a se
desencontrar amanhã
tudo em seu lugar
posso dormir agora
e ela sonhava com este amor
que não cabe na métrica
deve ter lido sobre ele
em algum livro quando criança
ou o pequeno príncipe
o chochichou baixinho
e ela o guardou na
garganta de seu mar
de vidro em pó azul
cor de memória
hoje bandeja o framboesa
de seu sangue em pedaços
só por um dia qualquer
em que tentou escrever
um poema e teve de trocar
a palavra amor por afeto
pra fazer mais um desses
decassílabos heroicos de plástico
tal qual sua vida se tornou
desde um verão que passou
e ela nem viu
procurando um metro
em que o amor coubesse
e ela também
li no jornal de hoje
que continuariam a se
desencontrar amanhã
tudo em seu lugar
posso dormir agora
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
centelha
a Izabela Lippi
eu por não saber pintar-me tão bela
feito flor quando triste
enquadro nostalgias em meu casulo
de puras incertezas
triste ainda sigo rasgando versos
de vidro deste sóbrio
coração perdido vagante desde
que n'outra primavera
estalou só pela última vez
eu por não saber pintar-me tão bela
feito flor quando triste
enquadro nostalgias em meu casulo
de puras incertezas
triste ainda sigo rasgando versos
de vidro deste sóbrio
coração perdido vagante desde
que n'outra primavera
estalou só pela última vez
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
[ nesta vida nada é cor só
mesmo o triste descolorido
do dia orna preto e branco ]
da janela ruído de falta
noite sabor d'água morna
à sombra de lua truncada
hino ao arguto decesso
brinde vazio às desgraças
esmolas de céus cristãos
cantem os filhos de Agnes
em notas diáfanas de Ravel
anteponho esta golpeada coda
eu silêncio a bailar com a dor
mesmo o triste descolorido
do dia orna preto e branco ]
da janela ruído de falta
noite sabor d'água morna
à sombra de lua truncada
hino ao arguto decesso
brinde vazio às desgraças
esmolas de céus cristãos
cantem os filhos de Agnes
em notas diáfanas de Ravel
anteponho esta golpeada coda
eu silêncio a bailar com a dor
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
não há passo espaço coreografia
de castigo a bailarina pirueta em
abismo de ferir oito tempos segue
insistente e só feita de aguardar
a morte ou qualquer coisa de ânsia
de valer o fiel espetáculo do fim
e isto de vazio tomando conta feito
o frio da perda do medo o claro
corta penumbra cega e não mata
contando que o tempo dê hora incerta
e o óbvio caiba num copo de requeijão
esta fonte sangria jorra lembrança feito
lápide quebrada ao meio ou canção de
ninar que tua voz em sonho sussurra
fantasia desiludida não soou aplausos
de castigo a bailarina pirueta em
abismo de ferir oito tempos segue
insistente e só feita de aguardar
a morte ou qualquer coisa de ânsia
de valer o fiel espetáculo do fim
e isto de vazio tomando conta feito
o frio da perda do medo o claro
corta penumbra cega e não mata
contando que o tempo dê hora incerta
e o óbvio caiba num copo de requeijão
esta fonte sangria jorra lembrança feito
lápide quebrada ao meio ou canção de
ninar que tua voz em sonho sussurra
fantasia desiludida não soou aplausos
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