noite passada o presente dormia
e ela sonhava com este amor
que não cabe na métrica
deve ter lido sobre ele
em algum livro quando criança
ou o pequeno príncipe
o chochichou baixinho
e ela o guardou na
garganta de seu mar
de vidro em pó azul
cor de memória
hoje bandeja o framboesa
de seu sangue em pedaços
só por um dia qualquer
em que tentou escrever
um poema e teve de trocar
a palavra amor por afeto
pra fazer mais um desses
decassílabos heroicos de plástico
tal qual sua vida se tornou
desde um verão que passou
e ela nem viu
procurando um metro
em que o amor coubesse
e ela também
li no jornal de hoje
que continuariam a se
desencontrar amanhã
tudo em seu lugar
posso dormir agora
li no jornal de ontem
ResponderExcluirdesses exemplares de meio dia
colhido em museus de novidades
que entre poemas cafes da manha
à espera croissant futuro-derradeiro-desencontro
a forma fática dos desejos - meia lua -
desintegraria-se em pequenos pães amantegados
e mataria a fome dos instintos