domingo, 14 de novembro de 2010

noite passada o presente dormia
e ela sonhava com este amor
que não cabe na métrica

deve ter lido sobre ele
em algum livro quando criança
ou o pequeno príncipe
o chochichou baixinho
e ela o guardou na
garganta de seu mar
de vidro em pó azul
cor de memória

hoje bandeja o framboesa
de seu sangue em pedaços
só por um dia qualquer
em que tentou escrever
um poema e teve de trocar
a palavra amor por afeto
pra fazer mais um desses
decassílabos heroicos de plástico
tal qual sua vida se tornou
desde um verão que passou
e ela nem viu
procurando um metro
em que o amor coubesse
e ela também

li no jornal de hoje
que continuariam a se
desencontrar amanhã
tudo em seu lugar
posso dormir agora

Um comentário:

  1. li no jornal de ontem
    desses exemplares de meio dia
    colhido em museus de novidades
    que entre poemas cafes da manha
    à espera croissant futuro-derradeiro-desencontro
    a forma fática dos desejos - meia lua -
    desintegraria-se em pequenos pães amantegados
    e mataria a fome dos instintos

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